06 de Fevereiro 1935
Faria 72 anos hoje.
Partiste prá terra distante
Faria 72 anos hoje.
Partiste prá terra distante
Deixaste comigo a saudade
Seguiste aquela chamada
Qe o coração decidiu
Eu vi em ti mais que um amigo
Que me escutava e compreendia
Mas numa noite, estando contigo
Percebi que te perdia
Tentei esquecer tudo o que passou
Mas a suadade comigo ficou
A vida assim não tem sentido
Quem me dera ter-te comigo
Agora eu sou a dor vadia
O esforço infinito
A tristeza de um lamento
A vida rejeitada
A frustração de um louco
O pesadelo
A própria loucura
A Pena Capital
Paló
Poema dedicado a Renato Figueiredo
Um comentário:
Meu caro
Como te percebo. Serão partilháveis as emoções? Creio que sim. Depois de AMIGO, a minha palavra de eleição é PARTILHA. Nossos pais conheceram-se, tenho a certeza. Quem sabe estejam agora em amena cavaqueira lá onde o destino os "extraviou" de nós. O meu pai, Flávio Cunha, cidadão honradíssimo, homem humilde e de uma nobreza exemplar, também partiu ainda não fez um ano. Não há palavras para descrever a falta que eles nos fazem. Que ele me faz. Todos os dias. Partilho contigo, nesta dor comum, aquilo que Walt Whitman chamou de COMPANHEIRISMO. Para ti, e para Eles, Renato y Flávio, onde quer que estejam:
Tenho um eclipse derramado nos olhos,
elipse sem centro, ciclo imperfeito de esferas,
ponto de fuga, e lugar de partida
na lenta circunvalação dos dias.
É no espelho irregular da terra que busco
o silencioso movimento das esferas
o repouso sonolento das pedras sobre as ervas
o caminho da luz na tua face circular
o brilho do ar flamejando nos teus olhos
a respiração do mundo nos teus lábios.
Reinvento em cada lugar estes momentos;
por instantes somos lume brando sob as árvores,
e nas nossas mãos silvestres
ardem doces os frutos da terra;
somos um bando de aves nocturnas,
e voamos para Sul rumo a um lugar
por inventar no alfabeto dos afectos.
de Alexandre Cunha
Aquele abraço
José E. Cunha
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