A humildade nunca foi o forte deste homem. Já nos idos tempos de 1992 se notava isso quando passei a conviver mais de perto com Joaquim Alves, teclista dos Finaçon. Na altura, as papaias que o Quim mandava boca fora, eram imediatamente contra-argumentadas pelos restantes membros do grupo, na altura Zeca e Zezé di nha Reinalda, Dicky di Ano Nobo, Nelson Costa, Zé Augusto, Vavá di Santinha e eu próprio.
Quando em 1995 fomos para os EUA, a convite do partido político PCD (lembrei-me agora que ficaram a dever-me dinheiro por não terem pago todos os concertos que lá fizémos), o Quim e o Dicky não regressaram com o grupo (o que ajudou no desmoronamento dos Finaçon que nessa altura já estava frágil por outros motivos). Portanto, a "ida" do Quim para a América não foi em 1992, conforme disse na entrevista.
Aproveito a oportunidade para deixar aqui um apelo a quem souber, para fazer o favor de escrever. É o seguinte: em quantos anos se formam engenheiros de som? Passo a explicar:
Já há muito tempo que oiço dizer que o meu amigo Quim se formou em engenharia de som (oiço dizer, porque a mim ele não me disse). Ora, juntando dois mais dois e, se um curso de engenharia de som for mais do que três anos, o Quim não pode ter feito esse curso, pois o tempo que ele esteve nos EUA, não foi superior a três anos. Quando muito terá feito um estágio com alguém ou com um Engenheiro de Som. Mas eu gostaria de ver esse assunto esclarecido, quanto mais não seja para o aumento da minha cultura geral.
A verdade é que os anos foram passando e o meu amigo Quim foi trabalhando. É verdade. Fez muita coisa. Produziu inclusive um disco do Bana -> Livro Infinito. Óptimos arranjos, pese embora o facto de pairar sobre esse disco uma nuvem negra sobre a veracidade do verdadeiro autor desses mesmos arranjos. Mas estão muito bons. Só é pena serem da mesma filosofia que o disco anterior, o Girasol, produzido pelo Ramiro Mendes. Acredito que nem o Bana merecia ter dois discos com arranjos semelhantes, nem o Quim tinha necessidade de seguir essa linha, uma vez que capacidade não lhe falta, isso não.
Montou um mini-estúdio na Cidade da Praia, produziu em pouco tempo uma quantidade inacreditável de discos, plagiou-se a si próprio nos arranjos, mas de qualquer das formas ajudou muita gente a "gravar um disco" –> coisa corriqueira hoje em dia.
Mas o meu amigo Quim Alves tornou-se vaidoso, olhando só para o seu umbigo. E essa vaidade tornou-o irresponsável no que toca a afirmações públicas.
Como pode o meu amigo Quim afirmar que "(...) Não há nenhum produtor executivo que iria aceitar financiar um disco como este. É um trabalho muito vasto... " Quanto terá custado este disco? Não há disco nenhum que possa ter custado mais? No mundo inteiro?
Como pôde o meu amigo Quim ter afirmado que ter participado na formação de outros agrupamentos musicais apenas lhe trouxeram"...Mais horas de música... O único deles que realmente criei, desenvolvi, estudei, estudamos em conjunto, foi o Abel Djassi. Nos outros, fui dar o meu conhecimento, não fui aprender nada." Então ele não aprendeu nada? Já sabia tudo? Em quatro ou cinco anos de convivência nos Finaçon, ensaios, concertos, não houve nada a nível musical que ele tivesse assimilado? Quantos anos tinha o Quim em 1994? Eu tinha 30. E o Quim é da minha geração. E ninguém, mas ninguém pode afirmar ter atingido o total conhecimento, seja em que matéria for. E mesmo que isso fosse possível (e verdade), isso demonstra uma total ausência de respeito pelos colegas do grupo Finaçon e pelos colegas dos outros grupos que existiam naquela altura.
"No estúdio eu não preciso de ninguém. Somente para fazer intercâmbios, essas coisas, mas no meu disco fiz questão de tocar todos devido à precisão. Não é fácil, as pessoas não sabem como tocar uma bandeira, um canizade, tabanca, como tirar o tambor para meter na guitarra... "
Será que não existe ninguém em Santiago, ou em Cabo Verde, ou mesmo na comunidade Cabo-verdiana espalhada por esse mundo fora em quem o meu amigo Quim possa confiar e pôr nas mãos a responsabilidade da execução de um instrumento no disco dele? Que raio de música então é esta? É assim tão difícil? As pessoas não sabem como tocar uma bandeira? Olha, eu por acaso até sei. E como eu deve haver mais que muitos por aí…
Como pôde o meu amigo Quim afirmar que a cultura de Cabo Verde é pixinguinha? Pixinguinha é um termo que foi inventado pelo povo e significa prostituta, Maria-vai-com-todos, a que “faz amor falsificado” ou "financiado", se preferirem.
Penso que aqui ele terá confundido o termo “Cultura” com “Música”, mas mesmo assim é de uma carga insultuosa sem limites. E o pior é que a explicação dada por ele ao termo utilizado… não explica o termo utilizado! Mas sobre isso, não vou estender-me, pois este termo já suscitou as mais variadas posições (como aliás se pode ler nas reacções ao artigo apresentado pelo jornal asemana online: http://www.asemana.cv/).
Sinto uma enorme pena do meu amigo Quim e ao mesmo tempo dá-me raiva dos que, em vez de o ajudarem, massajam-lhe o ego.
Um músico divide-se em executante da música através do instrumento (e quanto a isso o Quim não tem defeitos) e pela pessoa, pela formação, pela educação. Nesta parte, o meu amigo Quim peca e peca grandemente.
Fiquei desiludido.
18 comentários:
e isso kun tem estod tud ta dze: VERDADE de factos!!!
muito bem Paloh!
fka dret!
Kizó
de facto kim, debi splica e pidi desculpa. podi leba se tempo, ma ê debi fazel, dipos di passa 1 tempo e ê reflete.
mi ê músico e de facto n' ta ficaba rei desiludido si alguem q algum dia n' toca co el fala si.
Dom Caps
Finalmente conseguiste comentar, e que comentário.
Parabéns pela frontalidade.
Admiro isso em ti.
Um velho e sempre amigo.
thanks palo por ajuda a repo alguns verdade nisso tudo.
pena que nos "colega" tcheu vez ê ingrote e muitas vezes oportunistas.
mim, bo e mas um data no sabe oq ue ta passa na nos meio visto no trabaia ma tcheu des
um ta espera dias medjor
humberto ramos
dá-le!
dá-le!
Pois é, Paló!
Que mais dizer? Já disseste tudo!
Partilho inteiramente os teus sentimentos; pertença intuitiva e racional de quem teve um afortunado berço e que felizmente consegue ser Grande no meio de tanta "pequenez omnisciente".
Um abraço colega e principalmente muito amigo.
Zé Afonso.
Excluiu-se o comentário acima por utilizar, a uma dada passagem, linguagem considerada pouco apropriada.
Porém, dado o conteúdo do texto postado, decidimos republicar o comentário, eliminando apenas os termos utilizados, substituindo-os pelas suas iniciais, não alterando assim o sentido do que aqui foi explanado
Estou fora ha muito tempo, mas acompanho as evoluçoes linguisticas referentes ao nosso crioulo nas suas diferentes vertentes.
Isto para dizer que nao sou do tempo de pixinguinha, mas felizmente que tenho filhos que me traduziram a palavrinha do Quim!
Chamar a nossa cultura de P..., de B..., pois sao esses os sinonimos de pixinguinha, é o maximo. E isso na boca de um dos nossos maiores musicos, é uma afronta, um desaforo.
Aqui ha tempos tinha lido a entrevista de Abraao, esse jovem de 26 anos, artista plastico e mais nao sei o quê, que me fez pensar: "caramba que os nossos jovens, estao muito convencidissimos"; "mas o que é que um jovem de 26 anos pode saber"; ou "entao tem de ser um génio".
So que Abraao, é convencido, mas pelos vistos, o rapaz, sabe muita coisa e ele tem-me convencido. E’ como outro jovem Casimiro! Mas caramba, sao muito convencidos!
E agora, é o QUim, que me diz também que ele é um génio. E’ um expoente! Sabe tudo desde os 6 anos e teve contacto directo com DEUS que lhe transmitiu directamente o dom que tem!
Bom, posso aceitar que o Quim, seja um grande musico e que tenha o dom que Mozart tinha. O que os neuropsicologos chamam a inteligência musical, e que o QUim chama "ouvido"! Seja, Quim é um grande musico.
Mas é muito arrogante e meteu os pés pelas maos ao dizer que temos uma cultura P...! O que Quim disse e traduziu, é que a nossa musica é como uma P..., onde todos podem entrar, entrar no seu sentido de PENETRAR;
Nao ha duvida, foi o que QUim disse. Caramba! mais uma vez, o rapaz, é megalomano e a sua tecnicidade subiu-lhe à cabeça. A ponto de extravasar a musica para dizer que se uma Universidade tivesse que lhe dar equivalência, seria no minimo um DOUTORAMENTO; ISTO agora està na moda: DOUTORADOS!
Quem é que vai dar doutoramentos, aos outros tantos tecnicistas e instrumentistas que temos nesta terra?
Quim, por favor, toca os teus instrumentos, mas por favor critica e teoria musicais, sao outra coisa. Têm a ver com a filosofia, com a estética. Sim estética que o Abraao percebe, mesmo com o seu convencimento que mete medo a meio mundo!José Bouquinhas
Olá Sr. Bouquinhas
Folgo em saber que aceita as regras de uma casa quando entra nela, por isso mesmo vamos de novo minimizar (o que não é censurar) a linguagem pouco apropriada que o Sr.insiste em utilizar nesta casa, mesmo depois de lhe ter sido dito e do Sr. ter reconhecido.
Devo no entanto lembrar-lhe que o tema que originou este post e consequentes comentários, tem a ver com as declarações do músico Quim Alves, portanto agradecemos que não se desvie do tema.
Estou numa guerra de mentalidades, uma guerra que envolve a personalidade e a identidade de um povo.
Vivendo com os brancos ha mais de dois terços da minha vida biologica, estou em condiçoes de dizer que eles nao sao mais livres do que eu, nao amam mais a liberdade do que o crioulo genuino que somos!
Isto para dizer que aceito as regras deste blogue, mas têm que saber que as palavras que me foram censuradas existem e estao registados em todos os dicionarios do mundo e sao todos os dias utilizadas por esses tais brancos, que a historia da humanidade nos tem dito que nos sao superiores! Porque é que um francês tem o direito de dizer e diz todos os dias P... e nao eu? E nao um crioulo? Um francês é mais livre do que um crioulo?
Nao e posso prova-lo em termos filosoficos! Porque é que a imprensa francesa utiliza em palavras "censuradas" e a nossa nao as pode utilizar? Porque é que a imprensa chama ladrao a Mitterrand, a Chirac, que por sua vez utilizou palavras como estas:"mas o que esta senhora (Margareth Thatcher) quer? Ela quer os meus "c..." num prato de prata?" Se os franceses que dizem ter inventado os direitos humanos, a liberdade e a dignidade humana, utilizam estas palavras todos os dias, porque é que os crioulos nao as podem utilizar? Temos que saber ser livres, a liberdade de expressao deve ser utilizada sem medo e sem auto-censura.
So assim avancaremos, e so assim estaremos a defender a nossa liberdade? Eu nao conheço ninguém no mundo que seja mais livre do que o cabo-verdiano, o verdadeiro que sabe o que é e que conhece os seus limites como individuo. Esse que nao tem complexos frente a nenhum branco do mundo, esse crioulo, nao se deixa complexar-se por atitudes nenhumas de nenhum ser humano como ele! ESCREVI e disse o que sinto e vivo no mais profundo do meu SER!
Mas sei que também para se entrar em casas de outrém ha que respeitar as suas regras! Mas isso nao pode também impedir-nos de dizer o fundo do nosso pensamento. Mesmo correndo o risco de se ver censurado. Ha sempre uma outra via, sobretudo no mundo da NET!José Bouquinhas, um homem livre e que aceita todas as derrapagens que so podem ser combatidas com a a arma da argumentaçao, com PALVRAS! José Bouquinhas
Sr Webmaster,
Por favor nao brinque com as palavras comigo! Eu disse que aceito as regras da sua casa, mas nao lhe dei carta branca para me tratar de parvo ou pateta!
Ainda sei muito bem a diferença entre "minimizar" e "censura". E estamos ainda com o tema do Quim, pois sao reacçoes e contra-reacçoes ao tema em debate. Pode discordar dos meus argumentos, mas argumente com tento, e nao com falacias, pois la onde suprime palavras para pôr apenas uma letra, tem um nome: CENSURA!
Ninguém lhe censurou o seu texto sobre as criticas ao Quim. Logo, tenha coragem de deixar os outros exercerem a sua liberdade de expressao sem lapis azul! Obrigado. José Bouquinhas.Estou no amidjabraba.com
Sr Bouquinhas, mais uma vez olá.
Não pretendemos em nada brincar com as palavras, tanto mais que em nenhuma das nossas postagens se nota essa intenção.
Também não nos sentimos com autorização para tratá-lo de parvo ou de pateta, tanto mais que não o conhecemos fisicamente e à partida respeitamos qualquer ser humano até ser demonstrado que o nosso respeito não é merecido.
Os factos aqui expostos demonstram apenas haver uma diferença de opiniões quanto ao significado de censura. E pode crer que nós sabemos muito bem o que isso é.
A verdade é que o Sr. em 3 comentários utilizou linguagem pouco apropriada em 2 e:
Sendo filosofia deste blog não permitir este tipo de palavras;
Para não remover parte do seu comentário ou mesmo removê-lo por inteiro (isso sim, seria censura);
E ainda por acharmos que o seu comentário merecia estar presente pelo seu conteúdo, minimizámos o que, a nosso entender, pisava o risco, dentro dos limites a que nos propusémos.
Quanto a ter coragem de deixar os outros exercerem a sua liberdade de expressao sem lapis azul, tanta temos, que aqui se encontram as opiniões de quem quis participar. Inclusivé a sua.
Mas, se não estiver contente com o que aqui se faz, sempre tem a opção de escolher outros blogs e/ou sites onde possa exercer mais livremente (utilizando as suas palavras) a sua liberdade de expressão.
Pode até(e acreditamos que o faça) usar o amidjabraba.com que ainda não pudemos visitar, mas fareemos assim que possível com todo o gosto.
Sem outro assunto de momento, despedimo-nos.
Queira aceitar os nossos
Melhores cumprimentos
Nao me convenceu, porque eu também sei o que é CENSURA e estou à vontade na tematica da Filosofia dos Valores e Direito de Informaçao e Comunicaçao.
Sei até onde posso ir, e creia-me que ainda nao pisei o risco! Ou entao aquilo que é MAU para Cabo Verde, é BOM para a França, Alemanha e Estados unidos, paises muito mais livres do que o nosso pequeno Arquipélago.
De qualquer maneira aceito os seus esclarecimentos e acredite que nao fiquei chateado, alias nem podia.
Vou-me embora! A minha postura nao tem sido entendida pelos meus conterraneos que ficaram nas Ilhas. Eu acho honestamente que é questao de informaçao. Socrates dizia que bom ou bem têm a ver com o conhecimento, enquanto o mau ou o mal têm a ver com a Ignorância.
Outro filosofo escreveu o que passo a citar esperando que compreenda a lingua de Voltaire:
Au pays de la liberté et du respect des droits de l'homme, nul ne doit être inquiété pour ses opinions si contestables soient-elles et si légitime soit la révolte qui les inspire. Il n'y a pas que les fatwas à menacer la liberté d'expression.
La liberté de pensée, droit inaliénable, ne doit souffrir aucune restriction à l'exception des limites morales et déontologiques que le penseur lui-même peut se fixer. L'intellectuel, à plus forte raison le philosophe, a pour vocation l'amour de la sagesse par la quête jamais satisfaite de la vérité.
Obrigadissimo, ja nao me verà aqui no seu forum.José Bouquinhas
Interessante este debate à Volta de Quim, mas mais por causa da personalidade guerreuira de Bouquinhas. De facto ele coloca assuntos pertinentes que nos deviam obrigar a pensar.
Repare senhor gestor deste site que a palavra que começa com P, censurada aqui vem escarrpachada com todas as letras no jornal Liberal num artigo de Chico buarque. O brasileiro é mais evoluido do que um kriol? Duvido!
Manuel de Pedra Rolada
Olá Sr. Manuel
Desde já obrigado pela sua participação.
Nós também duvidamos que qualquer outra raça seja mais evoluída que o crioulo.
Mas também pensamos que o crioulo não é mais evoluído que nenhuma outra raça.
Mas não se trata de maior evolução por parte dos brasileiros, nem dos franceses, nem de ninguém.
Trata-se sim e tão simplesmente, do uso de palavras inconvenientes que vão contra a filosofia deste blog.
Se a filosofia é esta, não vimos a razão de tanto alarido por termos substituído os palavrões pelas suas iniciais.
Se Chirac utilizou palavras obscenas ou se Chico Buarque utilizou-as num artigo de um jornal e foram publicadas, isso tem a ver com a filosofia dos respectivos órgãos de comunicação.
Neste blog achamos por bem não permitir isso e por isso pedimos aos participantes que evitem esse tipo de palavreado. Não é nada de outro mundo.
Concordamos consigo quando diz que o Sr. Bouquinhas escreveu coisas pertinentes. Sem dúvida. E por acharmos o discurso do Sr. Bouquinhas pertinente, republicámos os seus comentários substituindo as ditas palavras pelas suas iniciais, deixando assim intactas as ideias que o próprio quis explanar.
Se tivéssemos cortado períodos inteiros do seu discurso ou se tivéssemos pura e simplesmente eliminado os comentários, nesta situação qualquer pessoa teria razão em acusar-nos de termos feito censura.
E podemos garantir-lhe, Sr. Manuel, que em momento algum foi nossa intenção censurar o que quer que fosse.
Agradecemos mais uma vez a sua participação.
Bem!
Eu como tantos outros que gostam de estar informados, li a penosa entrevista do grande músico Quim Alves.O Quim é tão bom músico que tem de falar para contrabalançar a genialidade musical que nele existe. Em muitos casos a boca fechada é sinal de intelegência. Eu continuo a admirar a capacidade musical do Quim...
Mas! só um concelho Quim!
TOCA, TOCA, TOCA... MAS NÃO FALES.
Robercaty
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