quarta-feira, outubro 25, 2006

DJODJI

Sinto-me Feliz. O Djodji lançou um disco. O meu menino Fernando Jorge lançou um disco… Que “sabura”!

E com toda a modéstia ele diz na entrevista: “É o meu contributo para a música de Cabo Verde.”

Fico feliz. E tenho razão para tal.

Em 2002, quando eu trabalhava no Hotel Praia Mar, num belo Domingo de sol, na piscina deste hotel, estava eu a fazer os turistas e caboverdianos da média/alta sentir “sabe”, quando apareceu um miúdo que quis cantar juntamente com uma Girls Band que tinha ido de Portugal, por altura do Festival da Gamboa desse ano.
Alguns meses mais tarde, esse miúdo foi-me apresentado e fiquei a conhecer o Djodji.

No ano seguinte, o Djodji teve a amabilidade de me convidar para acompanhá-lo ao baixo no festival de Santa Maria, Ilha do Sal. Com todo o gosto aceitei, porque via naquela coisinha fofa um potencial enorme e o tema “m’ crê voltá” andava na berra, sendo garantida, por causa deste tema, a presença no concerto de inúmeras fãs (maioritariamente).

Os TC já existiam, mas precisavam de mais músicos e foi assim que surgiu o convite à minha pessoa e ao teclista dos Tubarões, Zeca Couto.
A nossa diferença de idades (minha e do Zeca) em relação ao grupo TC era notória. O Zeca já era familiar, tinha um tratamento de “tio Zeca” por parte do Djodji. Mas a mim fazia-me confusão aquele “senhor Paló”, “você pr’aqui, você pr’acolá…” Até que um belo dia o menino Djodji pediu-me autorização para me tratar por tu… “Mas claro que sim, rapaz, já não era sem tempo…” disse-lhe eu. “Sim”, gaguejou ele, “mas por uma questão de respeito…” “Não há falta de respeito no tratamento por tu. Tu sabes diferenciar o bem do mal, sabes que não deves faltar ao respeito. Então, desde que não o faças, está tudo bem.”

Pois bem! A partir deste dia, passámos a ser mais friends e a adorar-nos cada vez mais.

Mas também o grupo ficou dividido em dois: os TC e os MV (Mais Velhos -> eu e o tio Zeca)… Por uma questão de respeito... hehehe… Ideias dos miúdos…

O show na Praia de Santa Maria ficou na memória de todos.
Nunca pensei chegar a ver o que vi nessa noite. Delírio total. À chamada do Djodji and TC ao palco, desmaios à Beatles, miúdas a serem transportadas nas alturas de braço em braço até chegarem aos paramédicos que em vão tentavam furar a multidão, o povão todo a cantar as letras dos TC, enfim, coisas que só se viam em concertos de grandes vedetas, Michael Jackson & Cia…

Um outro pormenor que não posso deixar de referir, foi o assédio das fãs quando saíamos do palco. Foram mais de 45 minutos para andar os poucos metros que separavam o Back-Stage da viatura que nos levava de volta ao hotel. Centenas e centenas de jovens fãs do sexo feminino, gritavam pelo Djodji que se desdobrava em mil para atender e entender (quanto a mim) toda aquela massa humana em delírio.

A situação era tal que tive que dar uma de body-guard, não fosse uma fã mais desvairada provocar danos físicos no meu menino…

No meio desta balbúrdia, duas situações marcaram-me:

Uma fã desesperada tinha caneta na mão, mas não tinha papel. Queria desesperadamente um autógrafo do Djodji. “E onde escrevo?”, perguntava o Djodji, completamente desorientado (eu diria até assustado!) perante a reacção inesperada daquela multidão. A fã, num acto de loucura e desespero, perante a possibilidade de perder a oportunidade de um autógrafo, agarrou no decote da blusa que trazia, desceu-o até ao umbigo, revelando uns seios-de-menina-moça-recém-formada e disse autoritária: “Escreve aqui!!!”

A outra situação:
Quando finalmente nos aproximávamos da viatura, uma senhora na casa dos quarenta tocou-me no braço e disse-me tristonha: “A minha filha está aos prantos, quer ver o Djodji mas não vou pô-la nesta confusão. Vê se consegues que ele a fale.” Lá consegui gritar mais alto que a multidão para que o Djodji entendesse o recado. Acto contínuo ele quis ver a miúda. Fiz sinal à senhora e arranjei maneira para que ela e a filha passassem por um corredor de gente até chegarem ao primeiro actor daquela noite…

O que se passou de seguida foi de uma ternura indescritível. A menina tinha pouco mais de cinco anos, chorava baba e ranho de todo o tamanho. O Djodji pô-la ao colo, consolou-a, limpou-a, abraçou-a e foi abraçado com muita força pela criança. Um acto de ternura e amor no seu mais simples exemplo…

Sim Senhor. Maravilha.

Depois deste sucesso, sempre que possível, tive o prazer de tocar com este grupo, o que aconteceu inúmeras vezes até finais de 2004, quando decidi sair de Cabo Verde.

Em Janeiro deste ano, em Lisboa, recebi um dia uma mensagem no telemóvel, mensagem essa que, confesso, demorei um bocadinho a perceber, pois estava escrita com abreviaturas (a maior parte delas não conhecia). Mas depois de por a cabecinha a trabalhar, lá percebi que a mensagem era do Djodji e ele propunha-me 3 dias para participar nas gravações do disco. Desses 3 dias só tinha disponibilidade para um deles e, no Domingo 22 de Janeiro, fomos para os Estúdios da Praça das Flores, numa tarde de completa descontracção, amizade e música, onde gravei umas guitarras eléctricas e uns cavaquinhos.

Ao longo destes meses, as boas novas iam-me chegando aos ouvidos, através de outros músicos que também participaram no CD: “Tá muito bom, o disco, mesmo muito bom…” Eu só podia ficar contente.

Em Junho, por ocasião de uma visita minha a Cabo Verde, o Djodji disse-me: “O disco está pronto!!!” Finalmente!!! O lançamento iria ser numa data posterior ao meu regresso a Lisboa, pelo que, com muita pena minha não pude participar.

Mas como o Caboverdiano não deixa de dar novidades, lá consegui saber que tudo correu bem. Ainda bem. Ainda bem porque para quem se tornou, à força dos ensaios, dos concertos, das brigas, das angústias e das alegrias, meu filho adoptivo, um anito mais novo que o meu primogénito, só posso querer tudo de bom.

E fui mais longe, Fernando Jorge. Quando li a tua entrevista no Jornal A Semana, foi com muito orgulho que te dediquei uma lagrimazinha da minha privada comoção que senti no momento.

Sucessos e tudo de bom na tua vida.

Teu fã.

Paló

Um comentário:

Anônimo disse...

AMOOOOOOOOOOOO-teeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
acabo d deitar uma lágrima tb, pela estoria k me trouxe recordações incriveis e pelas saudades k sinto do MV PALÓ
abraço bem grande
tc & mv forever

Djodje