sexta-feira, março 28, 2008

Departamento de Alcoologia e afins

Exm.º Senhor Enfermeiro-em-Chefe

Excelência:

É como muito respeito e consideração, que nós, pacientes com paciência, dirigimo-nos a V. Ex.ª, representante mui digno desta Casa, sita na não menos digna localidade do Telhal, cujos laços fronteiriços se encontram delimitados pela linha do comboio, sem guarda, e a ilustríssima localidade do Recoveiro, cujas palmeiras provocam o sonho de qualquer lunático.

Não querendo ocupar o seu precioso tempo, imaginamos como passará as noites, e caminhando a passos largos para o assunto, que esta missiva, já a seguir, irá demonstrar, pretendemos pedir a V. Ex.ª, caso V. Ex.ª tenha a devida disponibilidade de abrir este envelope já aberto, pois o seu tempo, por um lado é, repetimos, uma relíquia, por outro, não tivemos oportunidade de adquirir um tubo de cola UHU, e, muito menos resina dos pinheiros, quiçá do tempo de El-Rei D. Dinis, conhecido entre os amigos como o Lavrador, visto que, nos informaram, que os ditos pinheiros não estão em condições de dar, a nós, humildes humanos, o néctar divino…, digo, a referida resina.

Sabendo de antemão e mesmo considerando a contra-mão e de acordo com os factos conforme nos foram narrados, que um pedido terá de
percorrer as catacumbas desta Ilustre Casa, nas curvas e contra-curvas das autorizações e assinaturas e carimbos, não diremos que será uma espécie de cemitério subterrâneo onde, nos primeiros séculos da Igreja, os cristãos enterravam os seus mortos, ou reuniam-se para celebrar o culto, ou se escondiam em ocasião de perseguições, pois, não nos parece que seja o caso, pretendemos, conforme dizíamos a onze? (11) linhas atrás, pedir, Digníssimo Enfermeiro-em-Chefe, um frasquinho de azeite de azeitona.

Se porventura puder fornecer 1 litro deste óleo, desde já e eternamente enquanto o éter durar, ficaremos agradecidos.


V. Ex.ª perguntará e bem, qual o destino deste óleo extraído da azeitona? Uma boa pergunta merece melhor resposta.

Pois bem.
O azeite terá como destino a lubrificação e esfreganço de dois jogos de matraquilhos, vulgo, matrecos, que se encontram ferrugentos e desusados. Como é do seu conhecimento, nesta Casa há vários apreciadores desta modalidade desportiva quase olímpica, aliás, praticada em qualquer casa de compra e venda de petiscos, bebidas alimentares e similares.

Por ora é tudo o que nos apraz dizer,
queira V. Ex.ª desculpar-nos por qualquer ingerência na sua actividade profissional, se o fizemos foi sem intenção de aplicar o espírito a um qualquer objecto de conhecimento.

Continue
gozando de boa saúde, pois como sabe, o nosso estado consiste em um anormal funcionamento dos nossos órgãos.

Cumprimentos cordiais para si, seus colegas e aliados de profissão.

Abaixo subscrevemos,

Pacientes com paciência.

P.S.: Cumprimentos à sua bondosa esposa e ínclita prol. Agradeça à sua esposa o óleo de amêndoas doces por ela enviado ao nosso cuidado, todavia, o referido óleo foi utilizado em outras actividades, que aqui não cumpre relatar.

Texto da autoria de João Mariano

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão boa prosa saída da maravilhosa massa encefaloide e canalizada para o magistral punho direito deste senhor que, por sinal, tem laços de eterna e profunda amizade connosco, derivada de uma linhagem directa e descendente do clã Lopes da Silva Mariano, da qual fazemos também parte, não podia merecer outros caminhos que os que levam ao nosso Blog.

Queira, meu caríssimo primo de punho ligeiro e letra firme, aceitar este copy/paste como prova da mais pura amizade e aceite-o também como intenção de levar mais longe tão dignos pensamentos, ousadamente passados para este "papel virtual" através dos seus finíssimos dedos em não menos finas teclas do seu igualmente fino PC.

Vosso Primo

Paló