segunda-feira, abril 21, 2008

MENTALIDADES

Há coisas que me revoltam. Revoltam-me mas deixo passar porque já tenho muitos problemas na vida para resolver e não vou ganhar nada em queimar os neurónios a pensar nessas coisas.

Mas há outras que, mesmo que queira não consigo pôr de lado. Daí este meu desabafo.

Li no Asemana On-line que “um chefe máximo do pessoal mínimo” da aeronáutica civil de São Tomé e Príncipe deu ordens por via telefónica para abortar a descolagem de um avião da TAAG que já rolava na pista única e exclusivamente porque ele, o chefe, estava atrasado e tinha que apanhar esse voo que tinha como destino o aeroporto de Luanda.

Como consequência da travagem de emergência necessária para abortar a descolagem, o avião teve que ficar em terra para verificação e os passageiros (mais o chefe à mistura) só chegaram ao destino 21h depois de saírem do aeroporto de partida que neste caso foi o da ilha do Sal, em Cabo Verde, neste voo que fazia escala em São Tomé. (Calculo que o “expediente” que o chefe máximo ia fazer em Luanda tenha ido prás cucuias…)

Desculpem o desabafo, mas há coisas que SÓ acontecem EM África.

Que raio de mentalidade é essa desse “chefe” que acha que tem o direito de mandar abortar uma descolagem de um avião estrangeiro, para seu proveito próprio?

Que espécie de controlador aéreo é esse que, porque recebeu essa ordem, executa-a, sem ver que é algo que NÃO PODE acontecer, uma vez que:

Em primeiro lugar, não havia motivo sustentável para abortar uma descolagem (algo que pusesse em risco a integridade física do avião e seus ocupantes);

Em segundo lugar este controlador não tem dois dedos de testa para saber que um alto funcionário da aeronáutica NÃO TEM PODERES para realizar tal acto?

Para quando o erradicar da mentalidade do quero-posso-e-mando dos chefes africanos e da mesma forma a mentalidade de obediência cega e inconsequente dos subordinados dos chefes africanos?

Transcrevi há dias para este blog um PPS que me foi enviado com um extracto de um discurso de Mia Couto onde a página tantas ele dizia que para entrar na modernidade temos que nos despir de preconceitos, tendo ele citado sete destes preconceitos, intitulando-os de “sapatos sujos”.

O oitavo sapato sujo poderia ser muito naturalmente a ideia que “chefe é chefe até em cuecas”, ou “quero-posso-e-mando” ou ainda “quem manda aqui sou eu”…

Sinceramente meus amigos, já é tempo de dizer um BASTA e sermos mais civilizados e inteligentes.

Um amigo meu, sobre este assunto comentou: “Porra pá, cabeça de gent burro ê um cosa a estudar!!!”

Concordo plenamente, meu amigo. Plenamente.

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