Caríssimos
Por motivos relacionados com a saúde de pessoas chegadas a mim, quase montei tenda no Hospital Garcia de Horta, durante esta semana que ora termina.
O facto de ter de ir e vir diariamente e de ter de passar longos períodos naquele local, permitiu-me presenciar situações que me levam a estar neste momento a fazer o uso "da pena e da folha de papel", com todos "ses"e "ques" inerentes a este acto.
Ora vejamos então se cabe na cabeça de alguém, mandarem um doente para casa, por não ter havido evolução no tratamento que estava a fazer e por estar há mais de 24h a ocupar uma cama nas urgências.
Mas há mais. Esse doente tinha a especial indicação do seu médico (por sinal chefe dessas mesmas urgências) para ficar internado até a situação estar completamente normalizada. Mas como entretanto houve mudança de turno, o chefe desse turno resolveu tão simplesmente ignorar as indicações do seu superior.
E foi assim que foi dada "alta" a um doente à uma e meia da madrugada, com indicações que deveria voltar às nove para consulta.
Se calhar calhou redundantemente que o médico que dava as consultas das 9 da matina era o dito cujo chefe das urgências que arregalou, tanto quanto lhe permitiam os globos oculares, os seus olhos azuis-esverdeados, ao ver na sua frente alguém que supostamente estava internado.
Ao inteirar-se da situação, o Senhor Doutor mandou continuar com a medicação e marcou novo internamento para o dia seguinte, aproveitando para ensaiar um bonito e veemente discurso do tipo "andamos a brincar ó quê?", com o qual presenteou os funcionários da urgência, nesse dia seguinte, pela altura do segundo internamento.
Enfim....
Outra situação por mim presenciada, desta feita já no fim desta longa semana de "acampamento" nesse hospital, teve a ver com uma paciente a quem foi dada alta, desta vez por ter terminado efectivamente o tratamento, que se encontrava bastante debilitada. Mal podia aguentar-se de pé de tão fraca. Esforçava-se visivelmente para arrastar um pé atras do outro.
O marido desta paciente, tentando minimizar a situação, foi falar com o segurança da porta de entrada, no sentido de autorizar a colocação da viatura do casal mesmo à porta para depois ir ajudar a esposa a percorrer poucos metros que a separavam da saída. O segurança autorizou e lá foi o maridão buscar o popó.
Estacionado à porta e em cima do passeio, piscas acionados, quando se preparava para sair e ir buscar a esposa, atira-se o segurança para a frente falando em tom autoritário:
O SENHOR NÃO PODE ABANDONAR A VIATURA!
Ora essa!!! Então como é que o rapaz vai ajudar a mulher???
VÁ PARAR O CARRO NOUTRO SITIO, MAS ABANDONÁ-LO AQUI É QUE NÃO PODE SER!!! - Voltou a berrar o segurança
Mas "paxenxa" senhores... Tantas regras, eficiência zero...